Os honorários de sucumbência são uma das questões mais relevantes para os advogados no exercício da profissão. Eles representam não apenas uma recompensa pelo trabalho realizado, mas também um aspecto essencial para a manutenção da atividade advocatícia. Neste artigo, vamos explorar em detalhes o que são os honorários de sucumbência, quem tem direito a eles, como são calculados e outras informações importantes para advogados que desejam entender melhor esse tema.
O que são honorários de sucumbência
Os honorários de sucumbência são valores devidos pela parte que perde uma ação judicial (parte sucumbente) ao advogado da parte vencedora. Eles estão previstos no artigo 85 do Código de Processo Civil (CPC) e têm como objetivo compensar o advogado pelo trabalho desempenhado ao longo do processo.
Na prática, esses honorários funcionam como uma “premiação” pela eficiência na representação do cliente e servem também como um mecanismo para inibir a litigância de má-fé, uma vez que a parte derrotada arcará com os custos adicionais do processo.
Os valores podem variar de acordo com a complexidade do caso, o tempo de tramitação e o âmbito (cível, trabalhista, etc.), mas sempre estão sujeitos a critérios previstos em lei.
Contextualização histórica
Os honorários de sucumbência têm origem no princípio da reparação integral. Historicamente, a ideia de compensar o advogado vencedor surgiu como uma forma de equilibrar os custos judiciais, desestimulando ações infundadas e reconhecendo o papel fundamental do advogado no sistema de justiça. A inclusão explícita desse direito no CPC de 2015 reforçou sua relevância, trazendo critérios mais objetivos para sua aplicação.
Quem recebe os honorários de sucumbência?
Uma dúvida recorrente é: quem recebe os honorários de sucumbência? Esses valores pertencem exclusivamente ao advogado da parte vencedora, conforme o §3º do artigo 23 da Lei nº 8.906/1994 (Estatuto da Advocacia e da OAB). Esse dispositivo estabelece que os honorários de sucumbência não integram o patrimônio do cliente, sendo destinados à remuneração do profissional.
Porém, é importante destacar que, em ações que envolvem a Fazenda Pública, os honorários são pagos com base em um sistema de faixas, determinado pelo valor da condenação ou do proveito econômico obtido, o que pode gerar certa complexidade na execução.
Como o advogado recebe os honorários de sucumbência?
Os honorários de sucumbência são fixados pelo juiz na sentença, geralmente em percentuais que variam de 10% a 20% sobre o valor da condenação, do proveito econômico ou do valor atualizado da causa. Esse percentual depende de fatores como:
- A complexidade do caso;
- O grau de zelo do advogado;
- O tempo de tramitação do processo;
- A natureza e a importância da causa.
O pagamento desses valores pode ocorrer após o trânsito em julgado da decisão judicial e a respectiva execução. Em algumas situações, o advogado pode optar por executar os honorários de sucumbência de forma autônoma, para garantir o recebimento.
Diferença entre honorários contratuais e de sucumbência
Outro ponto que merece atenção é a distinção entre honorários contratuais e de sucumbência:
- Honorários contratuais: valores previamente combinados entre o advogado e o cliente, definidos em contrato de prestação de serviços.
- Honorários de sucumbência: valores fixados judicialmente e pagos pela parte sucumbente ao advogado vencedor.
Ambos os honorários podem coexistir no mesmo processo, o que potencializa a remuneração do advogado.
Como calcular honorários de sucumbência?
Saber como calcular honorários de sucumbência é essencial para qualquer advogado. O cálculo depende do critério utilizado no caso específico:
- Percentual sobre o valor da condenação ou proveito econômico: geralmente entre 10% e 20%. Por exemplo, se o valor da condenação for R$ 100.000,00 e o percentual fixado for 15%, os honorários serão de R$ 15.000,00.
- Valor da causa: em casos onde não há condenação ou proveito econômico mensurável, o cálculo se baseia no valor atualizado da causa.
- Faixas da Fazenda Pública: quando o caso envolve o ente público, aplica-se o sistema de faixas previsto no artigo 85, §3º do CPC. As faixas variam de 1% a 20%, dependendo do montante.
A aplicação dos honorários de sucumbência já foi amplamente debatida nos tribunais brasileiros. Algumas decisões importantes incluem:
- STJ, REsp 1.644.077: reafirma que os honorários de sucumbência pertencem exclusivamente ao advogado, não cabendo ao cliente qualquer direito sobre esses valores.
- STF, ARE 1038390: determinou que, mesmo nos casos envolvendo a Fazenda Pública, os honorários de sucumbência devem respeitar as faixas estabelecidas no CPC.
Esses precedentes demonstram a importância de compreender as nuances legais para evitar problemas futuros.
Importância dos honorários de sucumbência na advocacia
Os honorários de sucumbência têm papel crucial na advocacia, pois:
- Valorizam a atuação do advogado;
- Reforçam o princípio da equidade entre as partes;
- Contribuem para a manutenção financeira do escritório de advocacia;
- Incentivam uma atuação profissional de qualidade.
Além disso, esses honorários são irrenunciáveis e não podem ser transferidos para o cliente, conforme o Estatuto da Advocacia.
Casos práticos
Exemplo 1: Uma empresa ajuíza ação para contestar um débito tributário de R$ 500.000. A sentença julga procedente o pedido da empresa, fixando os honorários de sucumbência em 10% do valor da causa. Nesse caso, o advogado da empresa terá direito a R$ 50.000,00.
Exemplo 2: Em uma disputa trabalhista, o valor da condenação é de R$ 30.000,00, com honorários fixados em 15%. O advogado da parte vencedora receberá R$ 4.500,00 como honorários de sucumbência.
Dicas para advogados sobre honorários de sucumbência
- Acompanhe as decisões: esteja atento à fixação dos honorários pelo juiz e questione valores baixos quando necessário.
- Documente os honorários: registre adequadamente a sentença e eventuais ajustes feitos em sede de recurso.
- Reforce o contrato: certifique-se de que o contrato com o cliente especifique claramente os honorários contratuais e explique sobre os de sucumbência.
- Execute os honorários: em casos de inadimplência da parte sucumbente, não hesite em promover a execução.
Embora os honorários de sucumbência sejam um direito do advogado, algumas questões éticas podem surgir, como:
- Conflito com o cliente: muitas vezes, os clientes não compreendem a diferença entre os honorários contratuais e os de sucumbência, gerando insatisfações.
- Valores inadequados: quando o percentual fixado é muito baixo, pode haver questionamentos sobre a imparcialidade do juiz ou a aplicação correta da lei.
Para evitar esses problemas, é fundamental investir em comunicação clara com o cliente e buscar a defesa adequada nos tribunais quando necessário.
Apesar de sua previsão legal, algumas dificuldades podem surgir na prática:
- Valores arbitrários: decisões judiciais que fixam valores aquém do esperado;
- Complexidade no cálculo: especialmente em casos envolvendo a Fazenda Pública;
- Demoras no pagamento: decorrentes de recursos ou execuções prolongadas;
- Conflitos com o cliente: falta de compreensão sobre a distinção entre os honorários.
Conclusão
Compreender o que são os honorários de sucumbência, quem tem direito a eles e como calculá-los é fundamental para qualquer advogado que deseja atuar de maneira eficaz e garantir a justa remuneração pelo seu trabalho.
Esses honorários não são apenas uma questão financeira, mas também um reconhecimento da importância do papel do advogado no sistema de justiça.
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